Uma hipótese sobre Caretano Meloso (2009)


- Há 15 anos e 11 discos, Caetano está perdendo contato com a realidade.
Pistas:
- A começar pela última flor do lácio, desde Fina Estampa (1994), em que ele canta em castelhano e começa a usar gravata, são discos dedicados a outras línguas, outras culturas, até chegarmos aos mais recentes (que devem ser para outras pessoas, já que desconfio que poucos ou nenhum de nós sabe sequer assoviar uma de suas melodias, e isso, nós, que somos fãs!), Caetano se afasta cada vez mais do Brasil, do seu povo e do seu próprio público. Exceção, como que para confirmar a regra, está Livro (1997).
- Olhando para trás nestes anos, temos que reconhecer que tivemos que justificar, desculpar ou fingir que não ficamos sabendo de uma longa lista de bobagens, desde babação de ovo a FHC e Dona Ruth, até o cúmulo de dizer que Lula é analfabeto, cafona e não sabe falar, passando por se declarar contra as políticas compensatórias das cotas raciais, e até elogios e promoções de bandas de axé, forró, pagode e sertanejos, de filmes mediocres (inclusive em pleno carnaval, se dando o direito de repetir por mais 1 hora a música tema de sua autoria para fins promocionais, e que se lixassem os foliões), etc. É ou não é? Deu até vergonha em certos momentos...
- Se o Brasil que lhe interessa nesse período é através da leitura de Joaquim Nabuco, inspirador de Noites do Norte (2000), e Mangabeira Unger, “estamos feitos”, como ele vociferava à juventude reacionária e careta em festival de música dos 60.
- Não entender o que se passa com o Brasil agora é inversamente proporcional ao sensacional entendimento que teve do país quando da Tropicália. A justaposição da guitarra elétrica, poesia concreta e as manifestações profundas da cultura brasileira rendeu frutos suculentos e saborosos no final dos anos 60, que nos introduziu na crista da onda. Se politicamente não se podia respirar, uma lufada de ar fresco vinha da turma tropicalista.
- Seu alinhamento atual ao lugar comum da elite arcaica é sinal de que ele ascendeu ao andar de cima tanto financeiramente quanto intelectualmente.
Discografia recente:
Fina Estampa (1994)
Fina Estampa ao Vivo (1995)
Livro (1997)
Prenda Minha - ao vivo (1998)
Omaggio a Federico e Giulieta ao Vivo (1999)
Noites do Norte (2000)
Noites do Norte ao Vivo (2001)
A Foreign Sound (2004)
 (2006)
Cê ao vivo (2007)
Zii e Zie (2009)

Nenhum comentário: